Glossário
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O ✌️ Respeita aí quer construir de forma colaborativa um glossário completo de termos e expressões que não devemos utilizar na nossa comunicação. Seja por que ofende seu/sua: gênero, raça, religião, deficiência, forma do corpo, cultura, região, identidade de gênero, orientação sexual.
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A coisa está preta: Consiste na associação entre "preto" e uma situação ruim. Sugestão de substituir por "situação desconfortável", "desagradável", "difícil" ou "perigosa".1
A dar com pau: Esta expressão teve origem nos navios negreiros, durante o período escravagista. Os negros capturados preferiam morrer durante a travessia e, para isso, deixavam de comer. Então, criou-se o "pau de comer", que consistia em um pequeno pedaço de madeira que era atravessado na boca dos escravizados, forçando-os a ficar com a boca aberta, para jogarem sopa e angu. Assim, eram obrigados a engolir grandes quantidades de comida e, por causa desse método, acabavam engordando. Sugestão de substituir por "bastante" ou "grande quantidade".1
Aleijado: Termo pejorativo. Sugestão de substituir por "pessoa com deficiência".4
Boçal: Traz referência aos escravizados que não sabiam falar a língua portuguesa. Sugestão de substituir por "ignorante" ou "grosseiro".1
Cabelo ruim, cabelo duro ou cabelo de bombril: De forma depreciativa, esses termos são utilizados com o mesmo intuito: ofender pessoas negras, ridicularizando as características de seus cabelos. Sugestão de substituir por "cabelo crespo", "cacheado" ou "afro".1
Ceguinho: O diminutivo denota que o cego não é considerado uma pessoa completa. Sugestão de substituir por "pessoa com deficiência visual".3
Chuta que é macumba: Macumba é um instrumento musical comumente utilizado nas rodas de capoeira e generalizado como as “oferendas” às divindades de religiões de matriz africana. As “oferendas” e os ebôs, no Candomblé Ketu, são sagrados, ou seja, representam a conexão do indivíduo com o Orixá. O termo “chuta que é macumba” é uma expressão do racismo religioso, visto que demoniza um ato de conexão com o sagrado.1
Cor de pele: É uma expressão que pretende identificar uma cor, mais especificamente tons de bege, fazendo expressa alusão à pele branca. Na verdade, não existe uma cor capaz de representar a pele humana uniformemente, pois há uma profusão – impossível de mensurar – de tonalidades que variam de pessoa a pessoa, o que representa a própria beleza da humanidade. Desse modo, os tons de bege devem ser chamados pelo nome que possuem e não devem ser associados à pele das pessoas.1
Crioulo: Era a designação do filho de escravizados. É um termo extremamente pejorativo e discriminador do indivíduo negro.1
Da cor do pecado: Utilizada erroneamente como elogio, associa-se ao imaginário da mulher negra sensualizada. Estigmatizadas no período colonial, quando os “senhores” violentavam sexualmente mulheres negras e encaravam como um momento de diversão. Em uma sociedade pautada na religião, pecar não é positivo, ser pecador é errado, e ter a pele associada ao pecado significa que ela é ruim. Outra expressão que faz a associação de que ser negro é negativo.1
Defeituoso: Termo pejorativo. Sugestão de substituir por "pessoa com deficiência".4
Deficiente: Não se refira a uma pessoa com deficiência como deficiente, portador de deficiência ou pessoa com necessidades especiais. Jamais use termos pejorativos, como defeituoso ou inválido. Falar “ele é deficiente, mas é ótimo aluno” denota o preconceito. Sugestão de substituir por "pessoa com deficiência".3
Deficiente mental, doente mental: São também considerados inadequados e ofensivos termos como retardado ou mongoloide. Sugestão de substituir por "pessoa com deficiência intelectual".3
Denegrir: A palavra significa "fazer ficar escuro" e foi associada também ao sentido de “manchar a reputação”, fortalecendo uma ideia de que tornar algo negro é negativo. Sugestão de substituir por "desqualificar", "desonrar", "desabonar", "rebaixar".1
Disputar a nega: Possui sua origem não só na escravização, como também na misoginia e no estupro. Quando os “senhores” jogavam algum esporte ou jogo, o prêmio era uma escravizada negra.1
Domésticas: Domésticas eram as mulheres negras que trabalhavam dentro da casa das famílias brancas e eram consideradas domésticas. Isso porque os negros eram vistos como animais e, por isso, precisavam ser domesticados por meio da tortura. Sugestão de substituir por "trabalhadoras do lar", "funcionárias".1
Esclarecer: Significa tornar algo claro, trazer luz a determinado assunto. À primeira vista, não há nada de errado com a palavra. Contudo, embute-se nela o racismo a partir do momento em que transmite a ideia de que a compreensão de algo só pode ocorrer sob as bênçãos da claridade, da branquitude, mantendo no campo da dúvida e do desconhecimento as coisas negras. Sugestão de substituir por "explicar" ou "elucidar".1
Escravo: Esse termo trata os africanos como passivos e desprovidos de subjetividade. Os africanos que vieram para o Brasil eram reis, rainhas, camponeses, homens e mulheres escravizados contra a sua vontade. Sugestão de substituir por "pessoas escravizadas". Também há a sugestão de substituir escravidão por escravização.1
Estampa étnica/exótica: No mundo da moda, a estampa tem reconhecimento apenas quando criada segundo os padrões europeus. Quando o desenho vem da África, de acordo com essa visão, torna-se “étnico”. Sugestão de substituir por "estampa africana".1
Excepcional: Foi o termo utilizado nas décadas de 50, 60 e 70 para designar pessoas com deficiência intelectual. Sugestão de substituir por "pessoa com deficiência intelectual".4
Feito nas coxas: A origem da expressão popular "feito nas coxas" deu-se na época da escravidão brasileira, onde as telhas eram feitas de argila, moldadas nas coxas de escravizados. Sugestão de substituir por "malfeito".1
Gente de terreiro: Essa frase expressa o que se definiu como racismo religioso. As religiões de matriz africana são símbolos de resistência e nada tem a ver com fazer o mal às pessoas.2
Humor negro: Usam para descrever um tipo de humor ácido e com piadas de mau gosto com temas mórbidos, sérios ou tabus com tom politicamente incorreto. Sugestão de substituir por "humor ácido".1
Incapacitado: Termo pejorativo. Sugestão de substituir por "pessoa com deficiência".4
Inválido: Termo pejorativo. Sugestão de substituir por "pessoa com deficiência".4
Inveja branca: Neste caso, a cor branca faz referência a uma coisa positiva e inocente, com o intuito de indicar que esse tipo de inveja não é negativo. O que reforça o conceito estereotipado de que o branco é sempre visto como algo bom, enquanto o preto, como algo ruim. Sugestão de substituir somente por "inveja".1
Lista negra: A lista negra é usada para elencar pessoas que, por alguma razão negativa, estão excluídas de certos grupos ou, ainda, perseguidas. Mais uma vez, a palavra “negra” é usada como algo negativo. Sugestão de substituir por "lista proibida" ou "lista restrita".1
Mercado negro: Muito usado para se referir a um sistema clandestino ou ilegal de compras e vendas. Sugestão de substituir por "mercado clandestino".1
Mongoloide: É um termo considerado inadequado e ofensivos. Sugestão de substituir por "pessoa com deficiência intelectual".3
Moreno/a: Termo usado para negros com fenótipos mais caucasianos, que não remetem às características negroides estereotipadas. Tentativa de apagar a identidade de uma pessoa negra.1
Mudinho: O diminutivo denota preconceito. Também não use surdo-mudo: alguns surdos só não se comunicam pela fala porque não aprenderam a falar como os ouvintes.3
Mulata: Na língua espanhola, referia-se ao filhote macho do cruzamento de cavalo com jumenta ou de jumento com égua. A enorme carga pejorativa é ainda maior quando se diz “mulata tipo exportação”, reiterando a visão do corpo da mulher negra como mercadoria. A palavra remete à ideia de sedução, sensualidade.1
Não sou tuas negas: Trata a mulher negra como “qualquer uma” ou “de todo mundo”, relembra o tratamento às mulheres escravizadas que eram, seguidamente, assediadas e estupradas. A frase deixa explícito que “com as negras pode tudo", incluindo desfazer e maltratar, e com as demais não se pode fazer o mesmo. Portanto, além de ser profundamente racista, o termo é carregado de machismo.1
Negra/o de traços finos, beleza exótica, negra/o bonita/o: A fala racista vem da tentativa de "elogiar" pessoas negras. Assim sendo, coloca o padrão de beleza próximo do europeu como superior (porque traços diferentes seriam “grossos” ou “grosseiros”) e como a regra, já que o que desvia dele é considerado diferente ou “exótico”. Sugestão de substituir somente por "bonita/o".1
Negrada: Termo pejorativo que generaliza a população preta. Associado, até em dicionários, com grupos que causam desordem.1
Neguinha, Neguin: Termo utilizado para generalizar a população preta de forma pejorativa, usada comumente para estereotipar um comportamento que seria “natural” dos negros, como “aquela neguinha safada”.1
Nhaca: Desde a época colonial, o termo é usado para falar de algo com cheiro forte, desagradável. O que pouca gente sabe é que Inhaca é uma ilha de Moçambique e é daí que vem o uso do termo, mais uma vez para reforçar estereótipos e preconceitos. Sugestão de substituir por "cheiro ruim".1
Ovelha negra: Carrega também o simbolismo de associar sempre o negro a algo ruim. Sugestão de substituir por "pessoa ruim".1
Preso à cadeira de rodas: Abandone termos que evoquem piedade. Evite expressões como “ele sofreu um acidente e ficou incapacitado”, o correto é “ele teve um acidente e é uma pessoa com deficiência”. O verbo sofrer coloca a pessoa como vítima. Sugestão de substituir por "pessoa em cadeira de rodas" ou "pessoa que usa cadeira de rodas".3
Preto de alma branca: Tentativa de elogiar uma pessoa preta fazendo referência à dignidade dela como algo pertencente apenas às pessoas brancas. Sugestão de substituir por "boa pessoa".1
Retardado: É um termo considerado inadequados e ofensivos. Sugestão de substituir por "pessoa com deficiência intelectual".3
Samba do crioulo doido: É o título de uma canção de samba composta por Sérgio Porto (pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta), que ironizava a obrigatoriedade de as escolas de samba retratarem, em seus enredos, apenas temas de fatos históricos. Porém, a expressão debochada reforça um estereótipo e uma discriminação dos negros. Sugestão de substituir por "confusão", "trapalhada", "bagunça".1
Serviço de preto: Mais uma vez, a palavra preto aparece como algo ruim. Desta vez, representa uma tarefa malfeita, realizada de forma errada, em uma associação racista ao trabalho que seria realizado pelo negro. Sugestão de substituir por "tarefa malfeita" ou "realizada de forma errada".1
Surdinho: O diminutivo denota preconceito. Também não use surdo-mudo: alguns surdos só não se comunicam pela fala porque não aprenderam a falar como os ouvintes. Sugestão de substituir por "pessoa com deficiência auditiva".3
Tem o pé na cozinha: Usada de forma preconceituosa para falar de pessoas de origem negra, uma vez que, na época da escravização, esse era o espaço destinado às mulheres negras. É um termo extremamente pejorativo e discriminador do indivíduo negro.1
Viado/Veado: Esse termo é homofóbico.
1. DEFENSORIA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL; ESCOLA DE ASSISTÊNCIA JURÍDICA (EASJUR). Dicionário Antirracista: termos para eliminar do seu vocabulário. 2. ed. Brasília, DF: EASJUR/DPDF, 2024. 60 p. Disponível em: http://escola.defensoria.df.gov.br/easjur/wp-content/uploads/2024/10/2a-Edicao-Dicionario-Antirracista.pdf. Acesso em: 30 mar. 2025.
2. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ; INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS; PROJETO LETRAMENTO RACIAL. Cartilha antirracista: Universidade Federal do Pará. Projeto letramento racial: como forma de combate ao racismo. 2. ed. Belém: ICJ/UFPA, 2024. 37 f. Disponível em: https://www2.mppa.mp.br/data/files/E1/42/52/13/A72009102F73B3D8180808FF/CartilhaAntirracista_2%20Edicao.pdf. Acesso em: 30 mar. 2025.
3. OLIVEIRA, Tory. Dicionário da Inclusão: aprenda quais são os termos corretos e ensine seus alunos. Nova Escola, [S. l.], 18 jan. 2019. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/15182/dicionario-da-inclusao-aprenda-quais-sao-os-termos-corretos-e-ensine-seus-alunos. Acesso em: 30 mar. 2025.
4. SASSAKI, Romeu Kazumi. Terminologia sobre deficiência na era da inclusão. Câmara dos Deputados, [Brasília, DF], 2011. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/a-camara/estruturaadm/gestao-na-camara-dos-deputados/responsabilidade-social-e-ambiental/acessibilidade/glossarios/terminologia-sobre-deficiencia-na-era-da-inclusao. Acesso em: 30 mar. 2025.